quarta-feira, 20 de maio de 2015

ALIMENTOS CONTAMINADOS



ALIMENTOS CONTAMINADOS JÁ MATARAM 351 MIL PESSOAS NESTA DÉCADA, APONTA OMS
Doenças provocadas por alimentos e água contaminados têm consequências devastadoras para a saúde e a economia de um país, independentemente do grau de desenvolvimento da nação. Para se ter uma ideia, estima-se que mais de 2 milhões de pessoas, a maioria criança, morram anualmente em decorrência dessas enfermidades.
Embora as doenças de origem alimentar recebam pouca atenção, são um grave problema de saúde pública. Em conjunto, somam pelo menos 200 problemas, desencadeados por bactérias, parasitas, vírus e substâncias químicas. No melhor dos casos, o paciente sofre apenas com náuseas e diarreia leve. Porém, podem surgir quadros mais graves, como insuficiência renal e hepática, distúrbios neurais, artrite reativa, câncer e até levar à morte.
A campanha lançada pela OMS (Organização Mundial da Saúde) se chama “Do campo ao prato, torne os alimentos seguros”. A organização começou a divulgar os primeiros resultados de uma análise sobre a atual carga global de doenças transmitidas por alimentos. Desde 2010, foram registrados pelo menos 582 milhões casos de 22 doenças entéricas transmitidas por produtos alimentícios — pouco mais de 40% eram crianças com menos de 5 anos. No total, foram 351 mil mortes, a maior parte causada por Salmonella typhi (52 mil óbitos), Coli enteropatogênica (37 mil) e norovírus (35 mil). E esses números ainda podem subir quando a análise for concluída — os resultados finais devem sair em outubro.
Sem fronteiras: Historicamente, doenças ligadas à alimentação são mais comuns no interior, onde a comida, por exemplo a carne, é produzida e consumida em casa. Como nem sempre os animais são criados em condições ideais, acabam portando e transmitindo toxinas e vermes, sendo o Taenia solium, causador da enfermidade conhecida como “solitária”. Porém, segundo a OMS, essa não é mais a regra.
Nas últimas décadas, os sistemas de produção e transporte de alimentos foram adaptados para funcionar em uma rede global. O lado ruim do processo é que os agentes causadores de doenças podem entrar na cadeia de abastecimento. Para a entidade de saúde, a globalização da distribuição aumenta a probabilidade de as doenças atravessarem fronteiras nacionais.
Um exemplo disso ocorreu em São Paulo, em 2005, quando o município registrou um surto de difilobotríase, enfermidade transmitida por um parasita de peixes. Os casos foram registrados em 20 pessoas que comeram sushi e sashimi em restaurantes da cidade. A suspeita incidiu sobre o salmão, que, com o robalo, é o principal hospedeiro do verme causador da doença, o Diphyllobothrium spp. Hoje, assim como há 10 anos, praticamente todo salmão consumido no Brasil é importado do Chile. Outro caso foi um surto de febre aftosa na Inglaterra que chegou à França e, depois, se espalhou pela Europa em 2000.
Salmonela: Embora os alimentos industrializados sejam submetidos a criteriosos processos de fabricação, eles continuam suscetíveis à contaminação, especialmente por bactérias. A salmonela é uma das mais recorrentes. Em 2013, nos Estados Unidos, cerca de 250 pessoas de 18 estados adoeceram após consumirem frango infectado pelo micro-organismo. O mesmo ocorreu na Holanda, no ano anterior, com 950 doentes e três mortos. No Brasil, 18% dos casos de doenças provocados por comidas registrados entre 2000 e 2014 foram devidos à salmonela.
Henrique Marconi Sampaio Pinhati, infectologista da Secretaria de Saúde do Distrito Federal, explica que essa bactéria está presente em produtos mal processados, especialmente o ovo. “O caipira pode vir sujo com as fezes da galinha, por isso é importante limpá-lo antes de colocar na geladeira. A bactéria também pode vir dentro do próprio ovo, que deve passar por uma boa cocção (cozimento) antes de ser consumido.”
Prejuízos: Os alimentos não seguros também representam grandes riscos econômicos. Em 2011, um surto de E. coli na Alemanha causou perdas de US$ 1,3 bilhão para os agricultores e indústrias e exigiu mais US$ 236 milhões para ajuda humanitária, pagos por 22 países da União Europeia.
Na campanha lançada, a OMS ressalta que situações de emergência como essa podem ser evitadas com o desenvolvimento de sistemas que auxiliem os governos a arquitetarem ações públicas para conter as contaminações químicas ou microbiológicas. A organização também ressalta que o consumidor, parte final da cadeia de abastecimento, desempenha um papel importante na promoção da segurança alimentar, adotando hábitos higiênicos, especialmente na hora de cozinhar certos alimentos, como carnes.
Fonte: www.em.com.br

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